É importante que a gente conheça e saiba tanto sobre nossas mentes quanto sabemos sobre os nossos corpos. Dessa forma, se torna necessário entender quais são os transtornos mentais que existem, o que eles são e como conviver com eles.
As doenças mentais consistem em transtornos da função cerebral. Elas têm muitas causas e resultam de interações complexas entre os genes de uma pessoa e seu ambiente. É importante ressaltar que ter um transtorno mental não é uma escolha e tampouco uma falha. Eles ocorrem em todo o mundo, em todas as culturas e em todos os grupos socioeconômicos.
O que torna grande o seu impacto é a influência que esses transtornos podem gerar nos sentimentos e nas emoções, tanto no relacionamento com nossas famílias, quanto com nossos amigos e em nossas comunidades. Ter um transtorno mental não deve ser diferente de experimentar uma doença física. E não precisa ser! Você pode ajudar a fazer a diferença! Uma doença mental torna as coisas que você faz na vida mais complicadas, como: trabalho, escola e socialização com outras pessoas. Se você acha que você, ou alguém que você conhece, possa ter um transtorno mental, é melhor consultar um profissional o mais rápido possível. A identificação precoce, juntamente com uma intervenção eficaz, é a chave para tratar com sucesso o transtorno e prevenir futuras deficiências. Um profissional de saúde poderá conectar os sintomas e experiências que o paciente está tendo com critérios diagnósticos reconhecidos para ajudar a formular um diagnóstico.
Abaixo listamos alguns dos principais transtornos que conhecemos.
O Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) tem duas características principais: a obsessão e a compulsão. As obsessões são pensamentos, imagens, ou vontades que passam na cabeça de forma insistente, mesmo quando a pessoa não quer pensar neles. Alguém com TOC geralmente sabe que esses pensamentos, imagens ou vontades (obsessões) são irracionais, ou seja, não têm sentido ou são inadequados, mas a pessoa não consegue controla-los. Isso provoca um grau de ansiedade muito alto. Já as compulsões são comportamentos que se repetem que a pessoa faz para tentar diminuir a ansiedade que as obsessões lhe causam. Os comportamentos que se repetem são diferentes de pessoa para pessoa. Porém, algumas compulsões são mais comuns, como por exemplo: contar, tocar, lavar e verificar. Mesmo que as obsessões costumam ser pensamentos e as compulsões costumam ser comportamentos, algumas compulsões podem ser feitas com pensamentos, como por exemplo, ficar contando números na cabeça.
O transtorno obsessivo-compulsivo também não é o mesmo que ser perfeccionista ou ter alguns rituais que diminuam a ansiedade. Também é normal que as pessoas verifiquem as coisas para garantir que tudo esteja bem (como verificar se a porta esta fechada ou o fogão está desligado). Para ter o diagnóstico de TOC, as obsessões e as compulsões devem interferir, ou atrapalhar, o dia a dia da pessoa e lhe causar grande sofrimento.
As pessoas com transtorno de déficit de atenção / hiperatividade (TDAH) apresentam o que chamamos de hiperatividade (por exemplo, nunca conseguem parar quietas quando é necessário), dificuldade de prestar atenção quando é preciso e têm muitas atitudes que chamamos de impulsivas, ou seja, fazem muitas coisas sem pensar em diversos lugares e situações em que a pessoa está. Embora muitas pessoas tenham esses sintomas de vez em quando, para alguém que tem TDAH, eles são muito intensos, e incomodam e atrapalham muito a pessoa. O TDAH atrapalha e incomoda a pessoa em diversas situações das suas vidas, como por exemplo, quando estão em casa, na escola, no trabalho, ou com amigos. Com amigos, um exemplo pode ser que a pessoa não consiga deixar o amigo terminar de falar o que está falando, acabar interrompendo várias vezes e a conversa ficar difícil. Geralmente, os sintomas de TDAH já existem quando a pessoa é bem pequena, mas eles só costumam ser vistos quando a criança já está na escola. Isso pode ser porque em casa, as exigências não são tão grandes quanto na sala de aula, onde um comportamento mais agitado e impulsivo é mas fácil de perceber. Mesmo assim, as crianças com TDAH têm muitas dificuldades em situações em que estão com outras crianças e pessoas já antes do início da escola.
A maioria das crianças com TDAH não tem mais os sintomas do transtorno na idade adulta. Mas se o TDAH não for tratado, podem ocorrer alguns prejuízos, como baixo aprendizado, que podem ser difíceis de recuperar mais tarde. Atualmente também, sabe-se que o TDAH pode, até mesmo, surgir na idade adulta.
Em geral, ansiedade é uma sensação desagradável, assim como o medo, que faz com que nós nos afastamos de algum perigo. Porém, quando sentimos ansiedade, o perigo não é claro, podendo ser uma ideia, imaginação, ou lembrança muito difícil de conseguirmos identificar. Quando a ansiedade é muito forte e frequente, ela pode causar alguns problemas, como por exemplo, ansiedade generalizada, crise de pânico, fobias, ou outros.
A pessoa com ansiedade generalizada tem preocupações muito grandes com eventos do dia a dia, como por exemplo, com o que vai acontecer depois da escola, em sair com amigos, ou com o jogo que foi combinado. Essa a ansiedade normalmente vêm junto de uma forte tensão muscular. Além disso, a pessoa com ansiedade generalizada normalmente tem dificuldade de parar de pensar nos problemas e nas preocupações, ou seja, tem dificuldade de tirar a atenção do que está lhe deixando preocupada. Geralmente é um transtorno que começa na adolescência e segue para a vida adulta, aumentando ou diminuindo a intensidade dependendo do que as situações de vida vão exigindo, como compromissos e trabalhos exigentes.
Quando uma pessoa tem uma crise de pânico, ela pode ter, de uma hora para outra, a sensação de pressão no peito, ter falta de ar, sentir como se estivesse sufocando, ter tremores pelo corpo, ter pensamentos de desespero, ou de que irá perder o controle, suar muito e sentir palpitações durante alguns minutos. Algumas pessoas, depois de ter uma crise de pânico, ficam com um medo constante de que novas crises possam acontecer.
Também existem várias fobias (medos) específicas. Alguns exemplos são medo de agulha, medo de altura, medo de locais fechados ou apertados, ou medos de multidão. Nesses casos, quando a pessoa não está em contato com o objeto que causa medo, ela não tem grandes problemas. Porém, um tipo de fobia que causa grandes problemas para as pessoas é a fobia social. Na Fobia Social a pessoa sente como se os outros a tivesse avaliando o tempo todo, fica muito ansiosa (com muito suor e o rosto geralmente ficando vermelho) quando está conversando, ou falando em público com outras pessoas. Esse medo é mais grave, pois prejudica os relacionamentos sociais das pessoas, às vezes, levando-as a ficarem isoladas.
A esquizofrenia é um transtorno que geralmente começa no final da adolescência, ou quando a pessoa é um adulto jovem. É uma doença que também acontece no cérebro e que o sintoma mais comum é o que chamamos de psicose. A psicose altera de forma importante a forma como uma pessoa vê as coisas no mundo, pensa e se comporta, e que geralmente desconecta a pessoa da realidade.
A psicose é um transtorno mental que faz com que o indivíduo tenha dificuldade em diferenciar o que é real daquilo que não é.
As pessoas com esquizofrenia podem apresentar pensamentos que não são reais, como estarem sendo perseguidas pela polícia quando não estão, ter alucinações (ver imagens, ou ouvir vozes que somente elas conseguem) e apresentar alterações na expressão da emoção, como sorrir quando alguém conta algo triste.
Muitas pessoas acreditam que a pessoa com esquizofrenia é violenta, mas geralmente elas não são. Na verdade, as pessoas com esquizofrenia são muito mais vulneráveis a serem vítimas da violência pelas pessoas que não tem esquizofrenia.
A depressão é um estado emocional de tristeza e de desanimo, que segue dia após dia, em que a pessoa fica achando que a vida não vale a pena. Esse estado emocional atrapalha a vida das pessoas, causando dificuldades no dia a dia, como na escola, estágio, trabalho, e até mesmo com as pessoas que mais amamos.
A depressão não é só uma tristeza. Estar deprimido, não é a mesma coisa de estar triste. É uma condição médica que afeta a maneira como nossas emoções são controladas pelo cérebro. Alguém com depressão não consegue sair deste estado somente por vontade própria, já que justamente a vontade e a disposição são afetados pela depressão. A maneira de agir, de pensar e de sentir da pessoa deprimida dificulta que ela consiga se animar para fazer coisas positivas, como melhorar a alimentação, fazer mais exercício, falar com alguém sobre seus sentimentos, ou até mesmo procurar ajuda.
A pessoa com depressão vê e experimenta o mundo de um jeito diferente. É como se ela colocasse uns óculos que tiram as cores e o brilho das coisas, mesmo para aquelas coisas que a pessoa sempre gostou. Algumas vezes é possível que a pessoa melhore sem tratamento. Mas muitas vezes não melhora, e tantas outras vezes demora muito para melhorar. Por isso é importante buscar ajuda o quanto antes.
Às vezes a depressão pode começar após um evento negativo (como a perda de um ente querido, uma mudança de cidade, o rompimento de uma relação importante, uma reprovação ou qualquer coisa que possa ser um estresse grave e prolongado). Mas pode acontecer de um jeito diferente, e muitas vezes a depressão ocorre sem um evento negativo ter acontecido. A depressão pode vir acompanhada de ansiedade, angustia, mudança do sono e apetite, bem como da concentração e agilidade física.
O transtorno bipolar é um tipo de transtorno do humor. Além da pessoa com transtorno bipolar apresentar as características que foram descritas na depressão (ver Depressão) por alguns períodos de tempo, em outros momentos, por vários dias seguidos, ela também pode sentir aumento da sua energia, fazer mais atividades do que está acostumada, se sentir eufórica, falar mais rápido do que de costume, e ter pensamentos mais grandiosos do que a pessoa costuma ter (por exemplo, acreditar que é uma pessoa muito importante, ser muito rico quando na verdade não é ou ter poderes sobrenaturais). Chamamos esses sintomas de mania.
As pessoas com esse transtorno têm períodos em que ficam com sintomas depressivos e outros períodos com mania. Essas fases de depressão e mania podem acontecer várias vezes em um ano, ou infrequentes, poucas ou nenhuma vez em um ano. Na maior parte do tempo da vida da pessoa que tem transtorno bipolar, as fases com sintomas depressivos são mais comuns, e quando há fases de mania, a sensação de se sentir irritado na maior parte do tempo também pode aparecer.
Alguém com transtorno bipolar pode ter uma fase de sintomas depressivos antes de ter uma fase de sintomas de mania. É por isso que algumas pessoas com transtorno bipolar recebem, primeiro, um diagnóstico de depressão.